terça-feira, 14 de setembro de 2010

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Retratos do ensino rural brasileiro

Revista Escola - Paola Gentile

Estudo revela as condições das salas multisseriadas e como elas interferem na aprendizagem dos alunos
Metade dos diretores entrevistados considera a estrutura boa, porém 72% afirmam ser urgente a construção de uma cozinha e uma sala de informática, entre outros ambientes que ainda faltam.
Para 32% dos gestores, são necessárias carteiras, cadeiras e rede elétrica. 90% das escolas de campo funcionam em prédio próprio, como a EE Jovelino Vieira de Ávila, em Santana do Pirapama, a 150 quilômetros de Belo Horizonte.



A maioria das escolas do campo não tem biblioteca. Também é uma raridade encontrar computador, impressora, fotocopiadora e projetores. Essa é a realidade das escolas de campo, categoria em que estão 58% das instituições de Ensino Fundamental no Brasil (cerca de 77 mil). Elas recebem 4,8 milhões de crianças - ou 18% das matrículas. Mesmo com essa representatividade, não existe uma política pública eficaz para atender às necessidades dos estudantes e dos educadores que vivem e trabalham nessa realidade.

Em 2009, pela primeira vez, o Ministério da Educação (MEC) aplicou a Prova Brasil em 10 mil unidades rurais. Até então, os testes de Língua Portuguesa e Matemática para alunos do 5º e do 9º ano eram feitos apenas por estudantes da zona urbana. Contudo, as turmas multisseriadas - que reúnem estudantes de idades variadas e nas quais estão 60% dos estudantes do campo - não foram incluídas. Para suprir essa lacuna, a Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA) fez uma pesquisa com o Instituto Paulo Montenegro (IPM)/Ibope Inteligência para obter mais dados sobre a infraestrutura, as condições de ensino e aprendizagem e o perfil de professores e alunos nessa situação. Entre fevereiro e março, um exame no mesmo molde da Prova Brasil foi aplicado em 50 escolas do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Pará, Pernambuco e Tocantins.

O resultado: na escala de 125 a 350, usada pela Prova Brasil, as escolas rurais tiveram a média de 166 pontos - exatamente a mesma dos estados com os piores desempenhos na avaliação nacional -, e a falta de infraestrutura está diretamente relacionada ao desempenho. "Somente uma definição de padrões mínimos de insumos para a estrutura física, de pessoal e de materiais pedagógicos é capaz de reverter o quadro de carência nas escolas rurais", afirma Carlos Eduardo Sanches, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).

Alguns dos principais dados levantados no estudo estão nesta reportagem. Eles estão acompanhados de um ensaio fotográfico feito com exclusividade por NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR, que retrata a realidade de algumas unidades do campo que se destacam por ter melhores condições de infraestrutura e condições de ensino e aprendizagem.
                       
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